quarta-feira, 13 de março de 2013

Artigo que apresentei como apresentação final do curso de Psicopedagogia na FUMEC sobre TDAH


COMPREENSÃO SOBRE TRANSTORNO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

 

Ana Lúcia Guimarães Andrade*

Marco Antônio Alvarenga**

 

 

RESUMO

 

O artigo a seguir se justifica partindo do interesse em compreender mais sobre o TDAH, seu objetivo é transcorrer as questões envolvidas desde seus aspectos gerais a suas especificidades de forma a elucidar informações para profissionais que pretendem executar futuramente um bom trabalho psicopedagógico evitando diagnósticos errôneos e desgastes e sofrimentos por partes dos portadores deste transtorno, familiares e amigos que não possuem dados e informações corretas para lidar com o distúrbio.

 

Palavras–chave: TDAH, DSM-IV, Desatenção, Transtorno, Déficit, Hiperatividade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

__________

* Aluna do curso de especialização em Psicopedagogia na Faculdade de Ciências Humanas – FUMEC/ FCH.

** Professor Orientador: Marco Antônio Silva Alvarenga, MSc. (CRP-04/20963). Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano Terapia Cognitiva e Avaliação Psicológica. Cognitive Therapy and Psychological Assessment. Edifício Asteca, Avenida do Contorno, 5351, sala 311. Funcionários. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.CEP: 30110-035

 

 

INTRODUÇÃO

 

O TDAH por se tratar de uma síndrome complexa envolve aspectos do indivíduo como  biológico, psíquico e o social tornando-se de difícil diagnóstico.

 

O termo TDAH é o nome dado a uma síndrome neurobiológica, que significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o nome é dado em referência aos sintomas do quadro e não à sua possível origem, o nome TDAH tem uma origem muita antiga, o DSM-IV Estatística e Diagnóstico em sua quarta edição (DSM- IV), só atualizou a sua nomenclatura.

 

O TDAH é uma das síndromes neuropsiquiátricas mais comuns e caracteriza-se pela presença de vários sintomas relacionados entre si, que podem apresentar-se simultaneamente ou não. Podendo subdividir-se de acordo com o DSM-IV em três tipos:

- Transtornos do déficit de atenção com predomínio do sintoma de desatenção;

- Transtorno do déficit de atenção com predomínio do sintoma de hiperatividade;

- Transtorno do déficit de atenção combinado, no qual ambos os sintomas se manifestam.

 

Por se tratar de uma síndrome complexa de sintomas variados torna-se freqüente seus diagnósticos errôneos muitas das vezes levantados por informações incompletas da mídia e ou insuficiente de profissionais, levantando inadequadamente uma onda de atribuições de outros quadros psicológicos como sendo TDAH.

 

“É impossível apoiar-se no que falta a uma criança, naquilo que ela não é. Torna-se necessário, ter uma idéia, ainda que seja vaga sobre o que ela possui, sobre o que ela é.” (VYGOTSKY,  1989)

 

O que é o TDAH

 

O Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH), têm levado muitas crianças e adolescentes a consultas neuropediátricas, psicoterápicas e psicopedagógicas nos últimos anos. O TDAH é um transtorno neurobiológico, possivelmente de causas genéticas, que freqüentemente manifesta seus sintomas na infância e acompanha o indivíduo por toda a sua vida; caracteriza-se por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade e é reconhecido oficialmente por vários autores.

O TDAH é uma das síndromes neuropsiquiátricas mais comuns e caracteriza-se pela presença de vários sintomas relacionados entre si, que podem apresentar-se simultaneamente ou não, conforme SENA (2005).

 

Os estudos sobre o TDAH indicam a presença de disfunção em uma área frontal do cérebro conhecida como região orbital frontal localizada logo atrás da testa. Constitui-se uma das  regiões cerebrais mais desenvolvidas no ser humano e é responsável pela inibição do  comportamento, pelo controle da atenção, pelo planejamento futuro e pelo autocontrole. Nos sujeitos que apresentam sintomas de TDAH, há uma alteração no funcionamento dos neurotransmissores, substâncias que permitem a comunicação entre os neurônios. A causa mais aceita no momento é uma vulnerabilidade herdada ao transtorno, que irá se manifestar de acordo com as interações e condições do ambiente físico, afetivo, social e cultural de acordo com ROTTA (2006).

 

Ao longo dos últimos anos, inúmeros estudos tem demonstrado alterações neuroquímicas de origem provavelmente genética no TDAH, em especial no sistema dopaminérgico. Conforme apresentado por SERVAN; SCHREIBER E COLS (1998) e WICKELGREN (1997).

 

Este importante transtorno não pode ser considerado meramente como um comportamento mais exuberante de um pequeno grupo de crianças, uma vez que se associa ao comprometimento funcional da vida acadêmica, profissional e de relação. Ele também não pode ser considerado secundário a problemas na educação recebida dos pais ou cuidadores, uma vez que a prevalência do transtorno é muito semelhante em culturas muito distintas entre si: prevalências similares são vistas nos Estados Unidos, na Austrália, e no Brasil, quando métodos diagnósticos semelhantes são utilizados (BROWN, 2000; RODHE, 2002 ).

 

As características nucleares do transtorno do déficit de atenção/ hiperatividade são a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Elas afetam de modo adverso o desempenho acadêmico, os relacionamentos familiar e social, o ajustamento psicossocial e a vida laborativa e devem ser alvo de intervenção especializada. Além dos sintomas básicos do transtorno, em mais de 50% dos casos existe co-morbidade com transtornos do aprendizado, transtornos do humor e de ansiedade, transtornos diruptivos do comportamento e transtornos do abuso de substâncias de álcool. (BIEDERMAN E COLS, 1993; JENSEN E COLS, 1997; SOUZA E COLS, 2001).

A presença de co-morbidades torna o prognóstico, ao longo do tempo, ainda pior. Somente na década de 90 ficou claro que os transtornos denominados internalizantes  (ansiedade e depressão) ocorriam em co-morbidade com o TDAH; os transtornos diruptivos  (externalizantes) já eram diagnosticadas em crianças  com TDAH há mais de 20 anos (BIRDE E COLS, 1990). Além de todos esses fatores, crianças que experimentam o fracasso precocemente, algo comum no TDAH, são desproporcionalmente vulneráveis a uma ampla variedade de complicações psicossociais. Essas complicações, por sua vez, podem levar a problemas crônicos em diferentes esferas da vida, persistindo mesmo quando os sintomas nucleares do transtorno remitiram ou melhoraram de modo significativo ao longo dos anos (RODHE E COLS, 2003).

 

O TDAH é considerado um transtorno do desenvolvimento acometendo cerca de 3% a 6 % das crianças desde tenra idade (RODHE E COLS., 1999) e persistindo na vida adulta em mais da metade dos casos (WENDER E COLS, 1995). O TDAH é a principal causa de encaminhamento de crianças para serviços especializados (BARKLEY, 1998) e provavelmente também seja aquele com a maior incidência de autodiagnóstico na vida adulta (WEIS E COLS., 1999).

 

O TDAH já foi entendido como um transtorno comportamental de meninos, porém, na atualidade é solidamente identificado em meninas, adolescentes e adultos. Inúmeras pesquisas mostram que as crianças com TDAH do tipo combinado ou predominantemente hiperativo-impulsivo diferem daquelas sem hiperatividade não apenas no seu padrão emocional e comportamental, como também no funcionamento cognitivo e no seguimento (LAHEY E CARLSON, 1991).

 

Quando surgiu o TDAH

 

Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1845 pelo psiquiatra alemão Heinrich Hoffmann no livro “Zappelphilipp”. Desde que foi descrita desta de forma mais completa por Still em 1902, recebeu diversos nomes ao longo do tempo. Já foi chamada de inibição de volição, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, reação hipercinética da infância e distúrbio do déficit da atenção, à medida que mudavam as hipóteses sobre sua causa.

 

Atualmente, o nome é dado em referência aos sintomas do quadro e não à sua possível origem. Esse nome foi adotado tanto pelo Manual de estatística e Diagnóstico em sua quarta edição (DSMI – IV) que é elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria, como pelo Código Internacional de Doenças, em sua 10 Edição (CID – 10). (SENA, 2005).

 

Segundo Rotta (2006), desde o século XIX houve uma preocupação com o comportamento diferente e com o desempenho escolar insatisfatório, havendo muito avanço nas pesquisas dos transtornos de atenção.

 

Critérios e diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade

 

Quadro 1 – Critérios e diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade do Manual de Estatística e Diagnóstico IV Edição – DSM-IV. 

 
Critérios
A.  (1) ou (2)
1.      Seis ou mais dos seguintes sintomas de desatenção persistiram pelo período mínimo de 6 meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
DESATENÇÃO:
(a) - Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
(b) - Com freqüência, tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
(c) - com frequência, parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
(d) - com frequência, não segue instruções e não termina deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções);
(e) - com frequência, tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
(f) – Com frequência evita, demonstra ojeriza o reluta envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante, como (tarefa escolares ou deveres de casa
(g) - com frequência distraído por estímulos alheios à tarefa;
(h) - com freqüência, apresenta esquecimento em atividades diárias.
 
 
2. Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal – adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
 
HIPERATIVIDADE
(a) -  frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
(b) - frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
(c) - frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação);
(d) - com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silênciosamente em atividades de lazer;
(e) - com freqüência, esta “a mil“ ou muitas vezes age como se estivesse
“ a todo vapor “;
(f) - frequentemente fala em demasia.
 
IMPULSIVIDADE:
(g) - frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido  completadas;
(h) - com freqüência, tem dificuldade para aguardar sua vez;
(i) - frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros  ( por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras )
B. Alguns sintomas de hiperatividade – impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos
 ( por ex., na escola ou trabalho ou em casa ).
D. Devem haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no relacionamento social, acadêmico ou ocupacional.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não mais bem explicados por outro transtorno mental (por ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou um transtorno de personalidade).
 
3 TRANSTORNO DE DÉDICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO:
Esta categoria aplica-se a transtornos com sintomas proeminentes de desatenção ou hiperatividade – impulsividade que não satisfazem os critérios para o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. 
1-      Indivíduos cujos sintomas e comprometimentos satisfazem os critérios para o Transtorno de déficit de Atenção / hiperatividade tipo predominantemente desatento, mas cuja idade no início do transtorno seja superior a 7 anos
2-      Indivíduos com comprometimento clinicamente importante que apresentam desatenção e cujo padrão sintomático não satisfaz todos os critérios para o transtorno,mas que têm um padrão comportamental marcado por indolência, devaneios e hipoatividade
 
CODIFICAR COM BASE NO TIPO:
3.1 Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, tipo Predominantemente Hiperativo – Compulsivo: se o critério A2 é satisfeito, mas o critério A1 não é satisfeito durante os últimos 6 meses.
3.2 Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, tipo predominantemente desatento: se o critério A1 é satisfeito, mas o critério A2 durante os últimos seis meses
3.3 Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, tipo predominante hiperativo- impulsivo: Se o critério A2 é satisfeito, mas se o critério A1 não é satisfeito durante os últimos seis meses.
 
 
NOTA PARA A CODIFICAÇÃO
Para indivíduos (em especial adolescentes e adultos) que atualmente apresentam sintomas que não mais satisfazem todos os critérios, especificar “Em remissão parcial”.
 

Fonte: Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais 4ª edição texto revisado DSM- IV - TR Editora: Artmed , 2002 reimpressão 2008; SP

 

 

 

 

Como o transtorno é classificado hoje pelo DSM – IV - TR E CID 10.

 

A descrição Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) tem por base dois manuais de internacionais de diagnóstico: A Classificação Internacional de Doenças (CID – 10), organizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1992, e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM–IV-TR), que é elaborado pela associação Americana de Psiquiatria. Nesses manuais, defini-se o TDAH como uma síndrome neurocomportamental com sintomas classificados em três categorias: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade.

 

O TDAH é uma das síndromes neuropsiquiátricas mais comuns e caracteriza-se pela presença de vários sintomas relacionados entre si, que podem apresentar-se simultaneamente ou não. Podendo subdividir-se de acordo com o DSM-IV -TR em três tipos:

 

Quadro 2 – DSM-IV - Subtipos

 
 
  
  -Transtorno de Déficit de atenção/
Hiperatividade:
Tipo Combinado
Este subtipo deve ser usado de seis ( ou mais ) sintomas de desantenção e seis (ou mais) sintomas de hiperatividade– impulsividade persistem há pelo menos 6 meses.
A maioria das crianças e adolescentes com o transtorno tem o Tipo Combinado. Não Se Sabe se o mesmo vale para adultos com transtorno.
 
 
 
- Transtorno de déficit de Atenção/ Hiperatividade:
Tipo Predominantemente Desatento
Este subtipo deve ser usado se seis
(ou mais) sintomas de desatenção
(mas menos de seis sintomas de hiperatividade– impulsividade ) persistem há pelo menos 6 meses.
 A hiperatividade pode ainda ser uma característica clínica importante em muitos casos, enquanto outros são mais puramente desatenção.
 
 
- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade:
Tipo Predominantemente Hiperativo Impulsivo.
 
Este subtipo deve ser usado se seis (ou mais) sintomas de hiperatividade – impulsividade
 (porém menos de seis sintomas de desatenção) persistem há pelo menos 6 meses.
 A desatenção pode, com freqüência, ser uma característica clínica importante neste caso.

Fonte: Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais 4ª edição texto revisado DSM- IV - TR Editora: Artmed , 2002 reimpressão 2008; SP

 

Em relação aos tipos de TDAH, nota-se que o tipo com predomínio de sintomas de desantenção é mais freqüente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de comprometimento acadêmico (BIEDERMAN, 1998; HUDZIAK E COLS, 1998; RODHE E COLS, 1998 E 2000; BIEDERMAN E COLS, 1999; BRITO E COLS, 1999; CARLSON E MANN, 2000). Quanto ao desempenho em testes que avaliam a aritmética, entretanto apresentam um pior desempenho quando comparadas ao tipo combinado.

 

As crianças desatentas podem apresentar um nível mais alto de isolamento social e retraimento (BIEDERMAN, 1998; PFIFFNER E COLS, 2000). Alguns autores sugerem que crianças com TDAH predominantemente desatentas sofrem de inabilidade social, o que pode ser o cerne da imaturidade (com o isolamento, há pouca oportunidade de aprender habilidades sociais de forma apropriada ) ou da ansiedade e da relutância de participar em atividades de grupo (PFIFFNER E COLS, 2000).

 

Ao pesquisar a prevalência dos tipos de amostras clínicas, observa-se que 55% dos pacientes apresentam TDAH do tipo combinado, enquanto 27% são predominantemente desatentos (CARLSON E MANN, 2000). Nesse sentido, em uma amostra clínica de 285 pessoas pacientes com TDAH do programa de desatenção e hiperatividade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (PRODAH), encontrou-se uma prevalência de 62,5 % do tipo combinado, 26,5% do tipo desatento e 11,2% do tipo hiperativo/impulsivo (RODHE, 2002). Vale lembrar que, em amostras clínicas a prevalência de desatentos é maior.

 

As dificuldades sociais do indivíduo com TDAH derivam, em parte, do desempenho insatisfatório, e não do conhecimento insatisfatório. Ao menos nos hiperativos /impulsivos, o problema não estaria em não saber o que fazer, mas sim em não fazer aquilo que se espera deles (PFIFFER E COLS,2000).

 

 

O ciclo do TDAH

 

O TDAH é um quadro caracterizado pela presença de um desempenho inapropriado nos mecanismos que regulam a atenção, a reflexibilidade e a atividade motora. Seu início é precoce, sua evolução tende a ser crônica com repercussões significativas no funcionamento do sujeito em diversos contextos da sua vida.

 

Os sintomas podem persistir na adolescência e na vida adulta , e nesse período etário o diagnóstico torna-se mais difícil. Um fator complicador no diagnóstico para o TDAH  na adolescência e na vida adulta é que as co- morbidades do TDAH  são mais facilmente identificadas como o problema principal ou mais grave. Tal fato dificulta o uso de técnicas metodológicas para calcular a taxa de prevalência desse transtorno na população (MANNUZZA E COLS, 1998).

 

Em um estudo sobre TDAH, com 15 anos de duração, WEISSE E HCHTMAN (1993) referiram que 66% das crianças diagnosticadas com TDAH, quando adultas, continuavam apresentando, de forma total ou parcial, déficit de atenção. LAMBERT et al. (1987), em um estudo epidemiológico, demonstraram que cinco anos depois, 43% das crianças diagnosticadas com TDAH ainda apresentavam hiperatividade, enquanto GITTELMAN et al (1985), em um estudo prospectivo com adolescentes e adultos masculinos, todos diagnosticados no passado com TDAH, encontraram 32% destes com déficit de atenção e hiperatividade. WEISS et al (2000) mostram porcentagem de persistência de 60%; BARKLEY et al (1990) sugerem porcentagem de persistência em torno de 65%;  et al  (1994) indicam porcentagem de persistência um pouco  acima de 60%; e BIEDREMAN et al (1996) mostram porcentagem de persistência maior que 80%.

 

Os estudos longitudinais de WENDER (2001) mostraram taxa de prevalência entre 2 e 7 % de TDAH continuam esse diagnóstico na vida adulta.

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TDAH quanto ao gênero

Ilustração 1- Princípios e práticas em TDAH 2003


Fonte: Rohde L. A.; Mattos & Cols Paulo; Princípios e práticas em TDAH 2003. Página 55.

 

Em amostras clínicas, os estudos encontravam uma proporção de nove meninos para uma menina. Estudos comunitários sugeriam uma taxa de quatro meninas para cada menina. Assim BROWN et al ( 2001 ) mostram que é alta a prevalência em meninos em torno de 9,2%, enquanto em meninas a taxa é 3%.

 

O TDAH afeta os meninos em uma proporção mais elevada que as meninas; na realidade, suas reações de hiperatividade, impulsividade e oposição facilitam seu rastreamento. Um bom número de meninas com déficit de atenção são discretas, enquanto outras se deixam notar por seu falatório combinado à agitação corporal e impulsividade (SAUVÉ, 2007).

 

Existem controvérsias com relação a estes estudos sobre a predominância de gênero de acordo com RODHE et al (1999).

 

Alguns estudos sugerem que o TDAH em meninas poderia compreender um quadro clínico mais grave e com maior comprometimento funcional do que aquele observado em meninos (GOLFETO, 1997; TAYLOR, 1991; GLOW, 1981).

 

Desenvolvimento de hipóteses e diagnóstico diferencial

 

A avaliação psicopedagógica envolve anamnese com os pais ou responsáveis; entrevistas com a criança ou adolescente análise de todo o material escolar (fichas de avaliação e cadernos) e contato com a escola. A avaliação deverá ser a mais ampla possível, e em tempo mais breve, uma vez que nem todas as crianças ou adolescentes que procuram um psicopedagogo necessitam de tratamento.

 

Mais especificamente são avaliados os seguintes aspectos:

 

Habilidades metalingüísticas:

¾    consciência fonológica

¾    evocação de palavras e fluência verbal.

 

Leitura 

¾    conhecimento do alfabeto e evocação do som das letras;

¾    uso da fonológica ou lexical no reconhecimento das palavras;

¾    leitura de palavras e pseudopalavras;

¾    leitura de frases;

¾    leitura de textos ( oral e silenciosa );

¾    compreensão de leitura.

 

Escrita:

¾    ortografia

¾    produção textual

¾    aspectos gráficos.

 

Matemática:

¾    cálculos;

¾    solução de problemas;

¾    nível de pensamento.

 

 

Outras habilidades:

¾    noções espaciotemporais;

¾    lateralidade;

¾    memória.

 

O psicopedagogo deve fazer um relatório objetivo da avaliação psicopedagógica, explicando o desempenho na leitura, na escrita, na matemática, bem como outras habilidades (conforme a queixa). Ao final deverão ser estabelecidas hipóteses diagnósticas relacionando todos os dados coletados. (RODHE e MATTOS; 2003.)

 

O diagnóstico de TDAH pode também envolver avaliações complementares com outros profissionais e outras especialidades médicas. Inicialmente, uma avaliação das capacidades auditiva e visual da criança é necessária, já que dificuldades atentivas podem ocorrer na vigência desses déficits sensoriais.além disso, normalmente, sugere-se:

a) encaminhar, para a escola, escalas objetivas para avaliação de desatenção, hiperatividade e impulsividade que possam ser facilmente preenchidas pelos professores;

b) avaliação neurológica;

c) avaliação neuropsicológica ou pedagógica.

 

As informações da escola são fundamentais para firmar o diagnóstico de TDAH. Em algumas situações, os professores tendem a maximizar os sintomas do transtorno, principalmente quando há presença de transtorno diruptivo do comportamento

(transtorno desafiador de oposição – TDO – e transtorno da conduta – TC) em conjunto (BAUMGAERTEL E COLS, 1995; WOLRAICH E COLS, 1996).

 

Cabe salientar que a clínica é sempre soberana para o diagnóstico do TDAH. Assim, qualquer criança com sintomas de desatenção e/ ou hiperatividade/ impulsividade, apresentados de forma acentuada em casa e na escola ( atendendo aos critérios do DSMI – IV ou da CID -10), deve receber o diagnóstico de TDAH, mesmo sem apresentar alterações no exame neurológico, na avaliação neuropsicológica ou, ainda em qualquer outro exame de neuroimagem. Como já mencionado, em ambientes estruturados e com motivação, podem controlar os sintomas momentaneamente.  (RODHE e MATTOS, 2003).

 

O site www.tdah.org.br sugere o preenchimento das fichas para auxílio na elaboração do diagnóstico psicopedagógico em TDAH, (verificar anexo).

 

Conclusão

 

O TDAH é um quadro caracterizado pela presença de um desempenho inapropriado nos mecanismos que regulam a atenção, a reflexibilidade e a atividade motora. Seu início é precoce, sua evolução tende a ser crônica com repercussões significativas no funcionamento do sujeito em diversos contexto da sua vida. (RODHE, MATTOS E COLS 2003)

 

Considerando a especificidade e a complexidade das características de TDAH é necessária a solicitação de avaliações neurológica, psiquiátrica, visual, auditiva, intelectual e emocional para determinar se há comprometimento em outras áreas que justifiquem alterações apresentadas ou a presença de co-morbidade. (RODHE, E COLS 2003)

 

É possível que um transtorno psicológico seja acompanhado por outras dificuldades que não tenham relação primária com ele, mas que podem tornar o quadro muito mais complexo, são as chamadas co-morbidades. No caso do TDAH os transtornos mais comuns de co-morbidades são: transtornos de aprendizagem, transtornos de linguagem, epilepsia, transtorno opositor desafiante, transtorno de conduta, transtorno de ansiedade, transtorno de humor como depressão e bipolaridade, tiques, enurese, abuso de substâncias (SENA, NETO, 2002; ROTTA, 2006).

 

O diagnóstico do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) deve ser considerado como dimensional, sendo necessário estabelecer um ponto de corte acima do qual vários sintomas constituíram uma síndrome específica.

 

Um diagnóstico dimensional traz em si a idéia de que muito sintomas não são característicos do transtorno e podem ser observados com menor gravidade ou freqüência, ou então coexistem em menor associação entre si nos indivíduos da população em geral. O DSMI-IV, publicado pela Associação americana de Psiquiatria, provavelmente o sistema diagnóstico mais empregado atualmente nos estudos sobre TDAH, exige a presença de ao menos seis sintomas do módulo de hiperatividade/impulsividade para que o diagnóstico seja definido em crianças e adolescentes.

 

Segundo ROHDE E COLS ( 2003),  com relação ao diagnóstico de TDAH concluímos que a clínica é sempre soberana, assim, qualquer criança com sintomas de desatenção e/ou  hiperatividade/impulsividade, apresentados de forma acentuada em casa e na escola  (atendendo aos critérios do DSMI- IV ou da CID-10), deve receber o diagnóstico de TDAH, mesmo sem apresentar alterações no exame neurológico, na avaliação ou, ainda, em qualquer outro exame de neuroimagem. Em ambientes estruturados, e com motivação, podem controlar os sintomas momentaneamente.

 

As regras que norteiam o tratamento do TDAH em adultos são as mesmas utilizadas no tratamento do transtorno na infância e na adolescência. Primeiramente, faz-se necessária uma completa avaliação diagnóstica que inclua aspectos físicos, emocionais e sociais, já que o TDAH apresenta inúmeros problemas associados a diferentes áreas da vida do paciente. Os tratamentos farmacológico e psicoterápico (psicossocial) são fundamentais à recuperação e reestruturação desses indivíduos.

 

Muito importante é pensar que com o avanço do conhecimento atualmente existe tratamento eficaz para o TDAH. Além de medicações eficazes e seguras, estratégias de manejo comportamental para a criança, para seus pais e para os professores têm sido desenvolvidas e cada vez surgem mais estudos científicos comprovando sua eficácia. Ou seja quando diagnosticado precocemente e com tratamento adequado, o portador pode ter sim uma vida feliz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

COMPRÉHENSION SUR BOULEVERSEMENT DÉFICIT D'ATTENTION ET HIPERATIVIDADE (TDAH)

 

 

 

RÉSUMÉ

L'article suivant est justifiée sur la base d'intérêt à la compréhension plus sur le ADHD, son but et dépenser les questions en jeu de ses aspects généraux de leurs exigences spécifiques afin d'élucider information pour lês professionnels qui veulent mettre em oeuvre à l’avenir um bom travail psycho évitant disgnostics erronés ET dommages ET lês souffrances de La part dês patients atteints de CE trouble, leurs familles ET leurs amis qui n’ont pás lês données ET informations correctes porus traiter avec Le désordre.

 

Mot clé: TDAH, DSM-IV, inattention, agitation, déficit, Hyperactivité


 

 

 

 

UNDERSTANDING ON UPHEAVAL DEFICIT OF ATTENTION AND HIPERATIVIDADE (TDAH)

 

ABSTRACT

 

The article to follow if justifies leaving of the interest in understanding more on the TDAH, its objective is to transcorrer the involved questions since its general aspects its especificidades of form to elucidate information for erroneous disgnostic professionals whom they intend to execute future a good psicopedagógico work preventing and consumings and sufferings for parts of the carriers of this upheaval, familiar and friends whom they do not possess given and correct information to deal with the riot.

 

Word-key: TDAH, DSM-IV, Carelessness, Upheaval, Deficit, Hiperatividade

 

 

 

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RODHE, L. A. BENCZICK, Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade: O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

 

 

ROHDE. Luis Augusto; MATTOS & COLS Paulo. Princípios e Práticas em Tdah - Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade. Artmed Editora, 2002

 

 

SENA. Simone da Silva; NETO Orestes Diniz. Distraído e a mil por hora; perguntas e respostas sobre Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade. Editora : BH/MG Anone Livros, 2005

 

 

VYGOTSKY, L.S.  A formação social da mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1989 a.

 

 

http:www.abda.com.br. Acesso em 2011 Out 15.

 

 

http:www.tdah.org.com. Acesso em 2011 Nov 07.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 1

 

Em Crianças e adolescentes:

O questionário abaixo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiátrica.

Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS

Para cada item, escolha a coluna que melhor descreve o(a) aluno(a) (MARQUE UM X):

 
Nem um pouco
Só um pouco
Bastante
Demais
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.
 
 
 
 
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer
 
 
 
 
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele
 
 
 
 
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.
 
 
 
 
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
 
 
 
 
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
 
 
 
 
7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
 
 
 
 
8. Distrai-se com estímulos externos
 
 
 
 
9. É esquecido em atividades do dia-a-dia
 
 
 
 
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
 
 
 
 
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado
 
 
 
 
12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado
 
 
 
 
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma
 
 
 
 
14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.
 
 
 
 
15. Fala em excesso.
 
 
 
 
16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas
 
 
 
 
17. Tem dificuldade de esperar sua vez
 
 
 
 
18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Como avaliar:

1)      se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.

2)      se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.

O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.
CRITÉRIO  C:  Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.
CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

 

ANEXO 2

 

Em Adultos:

O questionário abaixo é denominado ASRS-18 e foi desenvolvido por pesquisadores em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Esta é a versão validada no Brasil.

A referência é: Mattos P, Segenreich D, Saboya E, Louzã M, Dias G, Romano M. Adaptação Transcultural para o Português da Escala Adult Self-Report Scale (ASRS-18, versão1.1) para avaliação de sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) em adultos. Revista Brasileira de Psiquiatria (in press).


Por favor, responda as perguntas abaixo se avaliando de acordo com os critérios do lado direito da página. Após responder cada uma das perguntas, circule o número que corresponde a como você se sentiu e se comportou nos últimos seis meses.

 
1. Com que freqüência você comete erros por falta de atenção quando tem de trabalhar num projeto chato ou difícil?
 
 
 
 
 
2. Com que freqüência você tem dificuldade para manter a atenção quando está fazendo um trabalho chato ou repetitivo?
 
 
 
 
 
3. Com que freqüência você tem dificuldade para se concentrar no que as pessoas dizem, mesmo quando elas estão falando diretamente com você?
 
 
 
 
 
4. Com que freqüência você deixa um projeto pela metade depois de já ter feito as partes mais difíceis?
 
 
 
 
 
5. Com que freqüência você tem dificuldade para fazer um trabalho que exige organização?
 
 
 
 
 
6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração, com que freqüência você evita ou adia o início?
 
 
 
 
 
7. Com que freqüência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho?
 
 
 
 
 
8. Com que freqüência você se distrai com atividades ou barulho a sua volta?
 
 
 
 
 
9. Com que freqüência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações?
 
 
 
 
 
Parte A
1. Com que freqüência você fica se mexendo na cadeira ou balançando as mãos ou os pés quando precisa ficar sentado (a) por muito tempo?
 
 
 
 
 
2. Com que freqüência você se levanta da cadeira em reuniões ou em outras situações onde deveria ficar sentado (a)?
 
 
 
 
 
3. Com que freqüência você se sente inquieto (a) ou agitado (a)?
 
 
 
 
 
4. Com que freqüência você tem dificuldade para sossegar e relaxar quando tem tempo livre para você?
 
 
 
 
 
5. Com que freqüência você se sente ativo (a) demais e necessitando fazer coisas, como se estivesse “com um motor ligado”?
 
 
 
 
 
6. Com que freqüência você se pega falando demais em situações sociais?
 
 
 
 
 
7. Quando você está conversando, com que freqüência você se pega terminando as frases das pessoas antes delas?
 
 
 
 
 
8. Com que freqüência você tem dificuldade para esperar nas situações onde cada um tem a sua vez?
 
 
 
 
 
9. Com que freqüência você interrompe os outros quando eles estão ocupados?
 
 
 
 
 
Parte B


Como avaliar:

Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9) E/OU os itens de hiperatividade-impulsividade da parte B (1 a 9) têm várias respostas marcadas como FREQUENTEMENTE ou MUITO FREQUENTEMENTE existe chances de ser portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma das partes).

 

O questionário ASRS-18 é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com os sintomas descritos na tabela! Veja abaixo os demais critérios.

 

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos na tabela acima)

 

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes desde precocemente (antes dos 7 ou 12 anos).

 

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., no trabalho, na vida social, na faculdade e no relacionamento conjugal ou familiar).

 

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes por conta dos sintomas.

 

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

 

 

ANEXO 3

 

Dicas para pais de hiperativo

Educar um filho com TDAH não é tarefa das mais simples. É preciso ser paciente, calmo e ter bastante jogo de cintura.

 

O comportamento dos pais não é a causa do TDAH, mas pode agravá-lo. Os pais deverão oferecer à criança um lar com harmonia e carinho, onde ela se sinta amada e querida.

 

A criança com TDAH é sempre criticada, chamada de bagunceira e se sente frustrada por não conseguir corresponder às expectativas dos pais. Evite dizer coisas como você é bagunceiro, não presta atenção, olhe aqui não está vendo? Etc. Ao invés disso abaixe-se à sua altura e fale olhando em seus olhos e de forma rápida explique porque não deve fazer aquilo. Ofereça atenção e carinho ao seu filho.

 

A casa precisa ter regras claras e que sejam seguidas por todos. Pelos pais principalmente. A criança tem que ter limites claros e o respeito a eles precisa ser exigido.

 

A máxima do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" não tem vez.
Só assim a criança terá parâmetros de comportamento claros e saberá o que é exigido dela. Quem tem TDAH se esquece das coisas com facilidade e ter uma rotina regular ajuda a criança a se “organizar”.

 

Elogie sempre que conseguir realizar algo, mesmo que não tenha sido da forma que você imaginava. Lembre-se que é o que ele pode dar neste momento.

 

O estímulo nunca é demais. A criança precisa ver que seus esforços em vencer a desatenção, controlar a ansiedade e manter o "motorzinho de 220 voltz" em baixas rotações está sendo reconhecido.

 

Lembre-se que ela está sempre tentando corresponder às expectativas, mas às vezes não consegue.

 

Evite castigos corporais porque isto não vai ajudar a diminuir a hiperatividade.

 

Leia muito sobre o assunto e tente entender como funciona a cabeça do seu filho.

 

Compreenda as suas limitações e não exija demais dele. A melhor maneira para aprender a lidar com a criança portadora de TDAH é se informar.


Dica de leitura: No mundo da lua de Paulo Mattos.

 

Com crianças com TDAH você deverá evitar dar:

 

1.      Ordens à distância: falar de um cômodo da casa / de um canto da sala de aula diferente de onde está a criança habitualmente desatenta, em nada vai cooperar para que ela se ligue no que se espera dela.

2.      Ordens complexas: se a criança já tem dificuldade em fixar (na memória de curto prazo) as atividades a fazer, a solicitação de várias tarefas seguidas só servirá para tomar sua realização menos provável.

3)      Ordens acompanhadas de muitas explicações: muitos pais / professores, preocupados em não soarem autoritários para seus filhos / alunos, estendem as suas argumentações sobre as necessidades das ordens que estão dando. Como a criança com TDAH apresenta déficit da sustentação da atenção ou, dito de outra forma, sua atenção tem curta duração, é bastante provável que, ao final da explanação, ela já não se lembre da maior parte do que foi dito.

4)      Ordens vagas: pedir à criança que se comporte "como um bom menino", por exemplo, não deixa claro que atitude é esperada ou o que não é desejável que seja feito.

5)      Ordens sob a forma de pergunta: se um pai fala para seu filho "Você pode ir tomar banho agora?", ou se um professor diz “Você pode começar a trabalhar?”, evidentemente que está sendo deixada margem para que seu filho / aluno responda "Não".

6)      Ordens em tom de ameaça ou dadas com irritação: já antevendo a batalha que vai ser formada após uma solicitação, muitas vezes os pais / professores já saem no ataque e verbalizam uma ordem como se a recusa já tivesse acontecido. Isso predispõe a criança a reagir no mesmo tom uma vez que o clima de animosidade já está instalado.

7)      Ordens com muita antecedência: avisar a uma criança que, quando terminar o programa de TV daqui a uma hora ela vai ter de tomar banho e lavar bem a cabeça só serve para interromper o prazer que ela está tendo ao assistir seu programa predileto. Assim, também, na sala de aula: avisar a uma criança que, depois que acabar de ler uma história interessante, terá que fazer uma prova, não permitirá que essa história continue motivadora.

8)      Ordens repetidas: mandar uma criança fazer algo, permitir que ela recuse, esperar algum tempo e retornar com o mesmo pedido para ela recusar de novo é a melhor maneira de... treinar desobediência.

 

Pais / professores devem falar de perto, com voz firme, sem deixar de serem amorosos, usando o verbo na forma imperativa.

Dê preferência olhando nos olhos da criança.

Se houver resistência apresente uma ajuda concretamente, sem jamais retardar ou desistir de uma ordem uma vez proferida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO 4

 

Dicas para o professor lidar com déficit de atenção:

 

1- Evite colocar alunos nos cantos da sala.

2- Eles devem ficar nas primeiras carteiras, de preferência perto do professor.

3- Afaste-as de portas e janelas para evitar que se distraiam com outros estímulos.

4- Deixe-as perto de fontes de luz.

5- Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual.

6- Faça com que a rotina na classe seja, clara e previsível, crianças com TDAH têm dificuldade de se ajustar a mudanças de rotina.

7- Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em vez de concentrar o mesmo tipo de tarefa em um só período.

8- Repita ordens e instruções, faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu.

9- Procure dar supervisão adicional aproveitando intervalo entre as aulas.

10- Permita movimento na sala de aula. Peça à criança para buscar materiais, apagar o quadro recolher trabalhos. Assim ela pode sair da sala quando estiver mais agitada, e recuperar o autocontrole.

11- Esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos responsáveis que leiam as anotações.

12- O aluno deve ter reforços positivos quando for bem sucedido. Isso ajuda a elevar sua auto-estima. Procure elogiar e incentivar sempre que for possível.

13- Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos. Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos.

14- Ir devagar no trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora.

15- Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com freqüência.

16- Favorecer oportunidades para movimentos, monitoramentos.

17- Colocar limites claros e objetivos.

18- Assegurar que as instruções sejam claras.

19- Evitar segregar, rádio som. Fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo.

20- Estabelecer intervalos, recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual de treinamento.

21- Preparar com antecedência a criança para as novas situações.

22- Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável.

 

Formas de tratamento

 

 Exames laboratoriais são muitas vezes elementos importantes para um diagnóstico, mas este é sempre realizado juntamente com as informações trazidas pelo cliente e não só o resultado de testes que podem dar falso positivo ou falso negativo.

 

A perícia do profissional de saúde que realiza o diagnóstico é sempre fundamental para a compreensão do problema, em todas as suas implicações. Além disto, a quase totalidade dos transtornos psiquiátricos não possui testes específicos e é diagnosticada com base no conjunto de sintomas e sinais que caracterizam o quadro. E é este o caso do TDAH.

 

Com o avanço dos estudos sobre o TDAH, mais dados vão surgindo e é provável que no futuro seja possível detectar através de exames de neuroimagem do cérebro do portador, sinais característicos das alterações do transtorno. Porém estes exames estão em fase de pesquisa, pois embora possamos detectar padrões de funcionamento diferenciando grupos de portadores e não portadores, estas diferenças não permitem ainda discernir casos individuais. Mesmo no caso de desenvolvermos exames que possibilitem a detecção de padrões neurobiológicos, como característicos do TDAH, ainda assim o critério diagnóstico será clínico, sendo estes exames apenas mais um dado para a compreensão do caso.

 

Embora o TDAH seja de origem fortemente genética, parece envolver um grande número de genes diferentes e com diversas combinações. Além disto, certos casos parecem ter preponderância de fatores biológicos, ambientais intra – uterinos e também pós – uterino. Isto significa que nestes casos, os exames fornecerão apenas dados que auxiliarão no diagnóstico, mas não substituirão o profissional adequadamente treinado (SENA; NETO, 2005.)

Farmacologia

Os medicamentos normalizam o fluxo da informação em certas partes do cérebro responsáveis pelo autocontrole e pela sustentação da atenção. Aumentando a transmissão da dopamina e da noradrenalina, estes medicamentos corrigem temporariamente o desequilíbrio químico dos neurotransmisssores encarregados de estimular o sistema nervoso central. Com o nível de atenção assim aumentado, o cérebro aplica os freios necessários. Então , a criança pode se concentrar sobre a atividade em andamento, eliminando as interferências provenientes de outros estímulos. ( Sauvé , Collete; 2009)

 

Psicofarmacoterapia  é o único método de tratamento, que até agora, demonstrou real eficácia no tratamento das dimensões biológicas básicas do TDAH, isto é, o déficit de atenção, a hiperatividade e a impulsividade. Estudos foram feitos com diversos tipos de medicamentos , de estimulantes a antidepressivos. E as revisões da literatura médica indicam que o metilfenidato e antidepressivos noradrenérgicos tem consistentemente demonstrado sua eficácia. Os psicoestimulantes como o metilfenidato, são considerados medicamentos de primeira linha para o TDAH. Existem no mercado algumas apresentações comerciais do metifenidato, variando dosagens e tecnologias de liberação, propiciando diferentes tempos de duração do seu efeito no organismo do paciente.

 

No caso de portadores com sintomas mais intensos de TDAH ou envolvendo outras comorbidades significativas, a abordagem psicofarmalógica deve ser seriamente considerada. ( Sena, Neto; 2005.)

     

Não Farmacológicos

Terapia cognitivo – comportamental - como muitos aspectos do TDAH envolvem déficit de atenção e dificuldades de se organizar para lidar não só com o cotidiano, mas também consigo mesmo, métodos de tratamento voltados para estas dimensões tem sido desenvolvidos e testados. Embora as dimensões básicas do déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade pelo seu aspecto neurobiológico, não possam ser abordadas, dimensões psicológicas que agravam estas dificuldades podem ser abordadas com proveito.

 

A terapia cognitivo – comportamental busca auxiliar o portador a desenvolver padrões cognitivos e comportamentais que ajudem a lidar com o seu cotidiano, organizando-se para agir com relação ás suas tarefas. São indicadas quando aspectos importantes do comportamento e déficits, tanto no aspecto comportamental como cognitivo, estão presentes.

Intervenções Psicossociais – como o TDAH  afeta o relacionamento social, intervenções que envolvam estes aspectos são muitas vezes necessárias e podem ser profundamente benéficas, pois podem auxiliar o portador a lidar com situações sociais, tirando proveito delas.

 

Cabe ressaltar que estas intervenções tanto devem esclarecer aqueles que convivem e  relacionam-se com os portadores, como também desenvolver habilidades para o trato com os mesmos. A redução de situações de conflito pode auxiliar o portador a desempenhar de modo mais eficaz suas tarefas pois, devido ao TDAH, os portadores apresentam uma baixa resistência ao estresse, reagindo de modo desorganizado a ele e aumentando os conflitos sociais.

 

Métodos Pedagógicos – o portador de TDAH usualmente não apresenta déficit de inteligência  de modo diferenciado da população em geral. No entanto, seu quadro prejudica seriamente seu desempenho acadêmico. Métodos adequados de aprendizagem enfocando a motivação para o tema em estudo, métodos dinâmicos e adaptados ás habilidades específicas do portador, respeitando seu limite de manter sua atenção, oferecem uma alternativa importante e introduz recursos novos. O acompanhamento do aluno portador de TDAH deve ser feito em ambiente adequado e em combinação com abordagens terapêuticas específicas para os diversos problemas envolvidos.

 

Todos este métodos de tratamento podem ser usados em casos específicos, de acordo com as condições neurológicas e psicológicas do portador e com aspectos da rede social da qual ele faz parte. Tipicamente, um esquema de tratamento pode envolver  o uso de psicofármacos, terapia cognitiva ou coaching e intervenções na rede social, escola e trabalho. Essas intervenções tem por objetivo modificar padrões disfuncionais e estressantes que muitas vezes podem envolver outros aspectos para além do TDAH, que não só afetam a presença do portador como também são afetadas por ele.

 

Outros métodos de tratamento como acupuntura, homeopatia, alimentação sem açúcar, biofeed – back entre outros não apresentaram, até agora, resultados em estudos controlados e em análises de conjuntos de estudos. ( Sena, Neto; 2005.)

 

AGRADECIMENTOS

 

Agradeço à minha família pelo apoio.

Agradeço a toda coordenação e equipe FUMEC e ao professor orientador Marco Antônio.

 

 

 

 

 

 

 

 

DATA DE ENTREGA

 

19 de dezembro de 2011

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